quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

método de billings: HORMÔNIOS HIPOFISÁRIOS E OVARIANOS DO CICLO REPRODUTOR DA MULHER


J.B. Brown D.Sc. Ph.D.
Professor Emérito, Ginecologia e Obstetrícia, Universidade de Melbourne, Austrália

A ovulação - a liberação do óvulo pelo ovário - é o evento mais importante do ciclo fértil; ocorre somente uma vez num momento específico durante o ciclo, mesmo quando há liberação de mais de um óvulo.

O mecanismo ovulatório também produz os dois hormônios ovarianos, estradiol e progesterona.

O estradiol é produzido somente pelo folículo em desenvolvimento, antes da ovulação: ele estimula as glândulas do cérvix para secretar um tipo específico de muco ("o muco com características férteis") que é essencial para a passagem dos espermatozóides através do cérvix para alcançar o óvulo. O estradiol também estimula o crescimento do endométrio revestindo o útero.

Após a ovulação, a progesterona e o estradiol são produzidos pelo corpo lúteo, que é formado a partir do folículo rompido. Esta progesterona causa a mudança abrupta no muco que ocorre imediatamente após a ovulação, definindo o sintoma Ápice.

A progesterona também prepara o endométrio, já preparado pelo estrogênio, para implantação do óvulo fertilizado.

Na ausência da gravidez, a produção de estradiol e progesterona começa a diminuir, aproximadamente 7 dias após a ovulação e isto resulta na descamação do endométrio como sangramento menstrual 11 a 16 dias após a ovulação.

O Método de Ovulação Billings utiliza as mudanças na produção do muco cervical, tal qual são observadas pela própria mulher, para identificar os eventos subjacentes do ciclo ovulatório.


As mudanças cíclicas da atividade ovariana são controladas pela secreção de dois hormônios, pela glândula hipofisária, o hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH). A produção destes hormônios por sua vez é controlada por uma área do cérebro chamada hipotálamo. O hipotálamo funciona como um computador, analisando os sinais nervosos a partir de outras áreas do cérebro, incluídas aquelas produzidas por emoções e fatores ambientais, tais como a luz e a escuridão; também analisa sinais hormonais, produzidos pelos ovários e outras glândulas endócrinas e conduzidas pela corrente sanguínea.

O ciclo ovariano segue por uma série de eventos bem ordenados. Durante a última metade do ciclo anterior, a alta produção de estradiol e progesterona, agindo via hipotálamo, suprime a produção de FSH e LH pela hipófise. A produção decrescente de estradiol e progesterona pelo corpo lúteo, no fim do ciclo, elimina esta supressão e os níveis de FSH se elevam.

Os folículos dentro dos ovários têm um limiar de requisito para o FSH, abaixo do qual nenhuma estimulação ocorre. Inicialmente os níveis de FSH encontram-se abaixo deste limiar, porém estes se elevam aos poucos até ultrapassá-lo, após o qual um grupo de folículos é estimulado até o crescimento ativo. Vários dias de crescimento são necessários, antes destes folículos iniciarem a produção de estradiol, que é secretado na corrente sanguínea e alcança o hipotálamo para produzir o sinal de que o limiar foi atingido.

Também há um nível intermediário de produção de FSH que necessita ser superado, antes que um folículo seja finalmente impulsionado para sua plena resposta ovulatória. Um nível máximo de produção de FSH não pode ser ultrapassado, a fim de evitar a estimulação de vários folículos e a ocorrência de múltiplas ovulações. Este nível máximo se situa aproximadamente, apenas 20% acima do limiar, assim é essencial um controle preciso de retroalimentação, ou feedback da produção de FSH, feedback este fornecido pela produção de estrogênios pelos folículos.

A medida que o folículo dominante dispara até a ovulação, ele produz rapidamente quantidade crescente de estradiol. Este estradiol estimula a produção do muco cervical e também impede a produção do FSH, abaixo do nível do limiar, removendo assim o apoio requerido pelos folículos menores, que estão competindo na corrida para a ovulação.

A queda no FSH também induz o mecanismo de amadurecimento do folículo dominante, e o torna receptivo para a segunda gonadotrofina hipofisária, LH. Os altos níveis de estradiol também ativam o mecanismo de retoalimentação positivo, dentro do hipotálamo, que leva a hipófise a liberar uma onda maciça do LH. Essa onda de LH constitui o gatilho que inicia a ruptura do folículo (ovulação) aproximadamente 37 horas após o início da onda de LH ou 17 horas após o seu pico.

A produção ovariana de estradiol cai abuptamente durante este intervalo antes da ovulação. Após a ovulação, o folículo rompido se transforma no corpo lúteo e a produção do segundo hormônio ovariano, a progesterona, aumenta rapidamente junto com o estradiol. Esta progesterona causa a mudança abrupta nas características do muco cervical, que definirá o sintoma Ápice; sua queda no fim do ciclo causa um sangramento - a menstruação.

Todos estes mecanismos descritos acima requerem períodos de tempo que são praticamente constantes em cada ciclo e em cada mulher. Todavia, a ascenção da produção do FSH até o limiar e os níveis intermediários podem estar sujeitos a atrasos. Durante o ciclo normal de 28 dias, o limiar é atingido aproximadamente no dia 5, mas em mulheres com ciclos mais longos, pode levar vários meses, até aproximadamente 23 dias antes da próxima menstruação. Não ocorre nenhum desenvolvimento folicular até que o limiar seja atingido e assim, a secreção de estradiol é muito pequena e não há produção de muco. A mulher experimenta uma sucessão de dias "secos" durante este período.

Os valores de FSH aumentam eventualmente até ultrapassar o limiar e o desenvolvimento folicular se inicia, a menos que a mulher tenha atingido a menopausa ou tenha amenorréia permanente. Durante o ciclo normal, o aumento da produção de FSH acima do limiar continua sem interrupção com a ultrapassagem do nível intermediário, dentro de alguns dias, e o folículo dominante recebe suficiente estimulação para ser impulsionado até a ovulação, sendo que o intervalo de tempo entre a superação do limiar e a ovulação é de 7 a 10 dias. Contudo, a ascenção pode ser interrompida antes de superar o nível intermediário, deixando os folículos permanecerem em estado de estimulação crônica.

As quantidades de estradiol secretadas estabilizam-se em níveis inferiores àqueles do pico pré-ovulatório e são suficientes para estimular o muco cervical com características mais férteis, permanecendo neste estado enquanto os níveis de estradiol são constantes e até que o folículo dominante seja impulsionado até a ovulação com níveis altos de estradiol. O estradiol estimula o endométrio uterino podendo resultar, com o passar do tempo, em sangramento de disrupção. Isto é a causa habitual de sangramento intermenstrual ou manchas de sangue.

Eventualmente os mecanismos de retroalimentação ou "feedback" levam a um aumento dos níveis de FSH acima do nível intermediário, e a ovulação ocorrerá prontamente em 7 dias. A anotação de dias "secos" ou sinais de muco durante a fase pré-ovulatória de ciclos prolongados é, na verdade, o registro de níveis de FSH que estão respectivamente abaixo ou acima do limiar, assim como a ausência ou presença de folículos com produção de estradiol.

Uma vez que o folículo dominante tem sido impulsionado para a ovulação, os eventos resultantes ocorrem dentro de seqüências fixas de tempo. A fase de impulso leva 3 dias, o tempo entre o pico de produção do estradiol e a ovulação leva 1 ½ dias e o intervalo entre a ovulação e a próxima menstruação é de 11 a 16 dias. A redução deste último intervalo para menos de 11 dias denota um ciclo infértil, e um prolongamento, significa gravidez.

Os sintomas máximos da produção do muco com características férteis são observados no dia pico de produção de estradiol que precede o sintoma Ápice do muco, e a ovulação. A mudança rápida, após o sintoma ápice do muco, ocorre muito perto do dia da ovulação e é devida a produção crescente de progesterona nesta época. O início do próximo sangramento menstrual, na ausência de gravidez, é altamente previsível a partir destes eventos.

IN http://woomb.org/bom/hormones/index_pt.html

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